ATENÇÃO: Exclusivo para mulheres determinadas a mudar de carreira!

O futuro do trabalho na era da longevidade

Um estudo das Nações Unidas prevê que uma criança nascida hoje, num país de alto/médio rendimento tem 50% de hipóteses de viver até aos 105 anos de idade. Há quem fale mesmo em 120 anos de idade... Sabias que, mesmo uma pessoa hoje que tenha entre os 55 e os 75 pode viver confortavelmente e com saúde até aos 90? Estes dados não são novos mas obrigam-nos a refletir sobre o mundo do trabalho e a longevidade da nossa carreira.

Sónia Pepe

4/3/20243 min ler

a man sitting at a table using a laptop computer
a man sitting at a table using a laptop computer

Acabar de estudar a meio dos 20, trabalhar até aos 60 e muitos anos e depois ter uma reforma que permite gozar o resto da vida num cenário mais tranquilo... acabou! Em Portugal, a idade da reforma já está nos 66 anos e 7 meses e vai continuar a subir. A longevidade vai deixar-nos aptos a trabalhar até mais tarde, num cenário em que a automação vai retirar muito trabalho das mãos humanas. Parece que se está a formar a tempestade perfeita já ali no horizonte e não há ninguém a prestar atenção aos sinais.

Falava num destes dias com um especialista de RH de uma grande empresa de recrutamento em Lisboa, que me confidenciou que a maior parte dos processos que lhe chegavam pediam expressamente para não entrevistar pessoas com mais de 35 anos. Se as empresas acham que aos 35 as pessoas já não são aptas para alguns trabalhos, JESUS, o que virá por aí!?!

A questão a fazer é: porque não estão as empresas mais abertas à diversidade geracional?

Não sei se já viram o filme "O Estagiário". É um filme de 2015 com Robert De Niro e Anne Hathaway, que não muda a nossa vida mas é bastante interessante e divertido. O enredo gira em torno de um reformado de 70 anos (Robert De Niro) que vai estagiar numa startup liderada pela jovem personagem de Anne Hathaway. É super interessante perceber a dinâmica intergeracional entre os personagens do filme que, (spoiler alert) no final descobrem que todos têm muito valor a aportar e um lugar importante na equipa. Robert De Niro acaba por cativar toda a equipa com a sua sabedoria, maturidade e charme.

Guiões Hollywoodescos à parte, não será este um futuro bastante possível, sobretudo nas sociedades mais envelhecidas como a portuguesa?

Jovens e Séniores trazem abordagens diferentes ao mundo do trabalho, ambas válidas e necessárias. Há experiências, maturidade profissional e competências que os mais velhos têm, que os mais novos dificilmente terão (porque foram adquiridas numa época em que o mundo era diferente). Os mais novos abraçam o novo e o risco com entusiasmo. Têm capacidades tecnológicas aguçadas e uma visão fresca sobre tudo e, é óbvio, que aportam muito valor. Isso não é disputado.

Mas, não seria interessante ver empresas a dar oportunidades a pessoas mais velhas, criando ambientes intergeracionais, retirando dos extremos dos intervalos etários o melhor de cada um?

E, o que falta aos profissionais com mais de 40 anos para se poderem ver noutros contextos profissionais, diferentes dos que têm hoje? No que podem melhorar para irem ao encontro das necessidades do mercado de trabalho e das empresas?

Tenho algumas sugestões:

1- Conhecerem-se melhor, às suas aptidões e competências, para poderem ser mais conscientes das suas capacidades e se reinventarem dentro de um largo espectro profissional. O que podem trazer de único e valioso para cima da mesa?

2- Abraçarem a flexibilidade. É das características mais valorizadas e, por vezes tão esquecida pelas gerações mais velhas (falo da minha geração, década de 70) que ainda se agarram a arquétipos profissionais do século passado.

3-Abrir a mente em torno da palavra "sucesso" e do seu significado mais amplo e diverso (temos de nos libertar da ideia de que "sucesso" é um cargo de chefia, um gabinete com vista e um carro XPTO).

4- Continuarem a aprender durante toda a vida. A aprendizagem contínua é das maiores "armas" que as pessoas com mais de 40 anos têm, para poderem ter um lugar à mesa no mundo do trabalho, atual e futuro.

Nos EUA e noutros países do mundo, os CVs já não têm fotos nem nenhuma referência a datas que possam levar os recrutadores a deduzir a idade dos candidatos a partir do documento. A ideia é abrir as oportunidades de entrevista pelas competências e adequação ao cargo e, não cair em preconceitos em torno da idade logo à partida.

Por cá, ainda há um longo caminho a percorrer, com responsabilidades para todos: o Governo, por parecer estar distraído desta questão quando deveria estar a liderar projetos de requalificação de pessoas; as empresas, por estarem a perder oportunidades reais ao não contratarem pessoas mais velhas; e as pessoas com mais de 40 anos que têm de se empoderar de tudo o que têm, fazerem um refresh e continuarem abertas a aprender e a reinventarem-se durante toda a vida.

Olá! Sou a Sónia Pepe, Mentora de Mudança Profissional e ajudo pessoas com mais de 40 anos a reinventarem-se profissionalmente para que possam encontrar o seu propósito e se sintam mais realizadas e leves a trabalhar. Criei o Programa de Reinvenção Profissional EPIC WORK LIFE, que utiliza a metodologia testada e validada do design-thinking para agilizar o processo de mudança evitando que quem quer mais da sua vida profissional, tenha de passar anos na incerteza, na frustração e na ansiedade por não saber ou não conseguir agir.